
“É o médico que cuida não só da doença, mas das pessoas.” Assim Natália Araújo, 27 anos, residente na Clínica da Família Estácio de Sá, define sua futura profissão. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS) celebra, neste dia 19 de maio, o Dia do Médico de Família e Comunidade, especialidade fundamental da Estratégia Saúde da Família e da rede de Atenção Primária, elo entre a população e o Sistema Único de Saúde (SUS). Profissionais cuja missão é ouvir, orientar e cuidar ao longo do tempo, com um olhar que contempla não apenas a doença, mas também a pessoa: seu contexto social, seu território e suas relações.
Para o médico Giovani Brito, 58 anos, que também trabalha na CF Estácio de Sá, a essência da especialidade está na escuta e na empatia. “É importante esse cuidado, esse olhar integral que temos sobre as pessoas. Não queremos entender somente a doença, queremos entender a pessoa de maneira integral. Isso facilita muito o nosso entendimento e o nosso trabalho, essa aproximação é muito importante para nós. Acionar a nossa empatia, colocarmo-nos no lugar do outro, entender o sofrimento do outro e, com isso, tentar resolver os problemas”, afirma ele, prestes a completar 34 anos de profissão.
Já para quem está no início da carreira, o que encanta é justamente a continuidade do cuidado. “A Medicina de Família e Comunidade abre portas no sentido de como ser como pessoa”, diz Natália, que conta ter decidido virar médica de família após um período de internato na mesma clínica. “É uma relação mais horizontal, sem ser centrada no médico. Compartilhar o cuidado com o paciente — essa é uma experiência que nos muda como pessoa, não só como profissional”, diz.
’Somos especialistas em família’
Preceptor da residência em Medicina de Família e Comunidade há dois anos, Vágner Batista, 28, reforça que a formação na área vai além da técnica: “Ensinar médicos a serem especialistas em Medicina de Família é muito mais do que ensinar a dose certa de um remédio. É mostrar para a pessoa caminhos alternativos a seguir e trazer ferramentas para lidar com as adversidades. Como a gente está literalmente no quintal dos pacientes, a gente é solicitado a todo momento”.
Também lotado na CF Estácio de Sá, Vágner destaca ainda a importância do vínculo com a comunidade. “Infelizmente a comunidade entende muito o médico de família como um médico generalista, o que é um erro, que é até consolidado pela sociedade. Somos especialistas em família, então conseguimos entender sobre a dinâmica familiar. O médico de família ajuda a comunidade quando ele é agente social daquele espaço: quando ele vai à casa dos acamados para ver como eles estão, quando ele vai à associação de moradores, quando ele reconhece os principais pontos focais da comunidade… Conseguimos ver essas pessoas como amigos e como pessoas que podem ajudar no nosso trabalho”, reflete.
O município do Rio conta com 1.445 equipes de saúde da família, compostas também por enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários. Em 2024, o Rio de Janeiro voltou a alcançar a cobertura de 70% da população pela rede de Atenção Primária, que hoje tem 240 unidades (clínicas da família e centros municipais de saúde) espalhadas pelo território.